quarta-feira, 23 de maio de 2007

Uma Longa Jornada Rumo ao Entendimento

Há vários anos, estava com uma amiga em um supermercado e decidi devolver um produto à prateleira. Quando pedi licença para caminhar até a gôndola, ela me falou, “deixa por aí mesmo, pois senão você vai estar desempregando o promotor da empresa!”, e eu a partir daí, por consciência social, passei a deixar os supermercados por onde eu passava sempre bagunçados.
Por mais burrice que pareça, demorei alguns anos para perceber que ela havia me convencido de uma besteira. Obviamente o salário do promotor vai sair do meu bolso via aumento dos preços dos produtos, ou quem será que ela achava que iria pagar por isso? O supermercadista? O industrial? O governo? É claro que é o consumidor final, eu, ora! E será que estou disposto a pagar mais apenas pelo simples relapso de colocar um produto de volta à prateleira?
Portanto, demorei muito tempo para entender a frase de
Milton Friedman: “Não existe almoço grátis!”.
Seria uma patetice individual e isolada, se esse fato não ilustrasse o pensamento de todo um povo. Basta ver as manchetes da imprensa: “O governo vai financiar o bolsa-família...”, “as obras vão sair dos recursos da secretaria tal, via financiamento do BNDES...”, “...auxílios supridos pelo fundo de participação dos ...” A lista é enorme, cotidiana, imperativa.
Será que muitos jornalistas, pessoas esclarecidas e formadoras de opinião realmente acreditam que o dinheiro sai mesmo “do governo”? Eu não posso acreditar que todos sejam bobocas como eu um dia fui, acredito que tenha muito de má fé quando falam tal asneira.
Semana passada, vi a mais nova: o “governo” quer dar R$204,00 para cada aluno que for aprovado na escola. Até onde sei, o salário do nosso presidente é de 12 mil, como ele vai pagar por tanta esmola? Por isso, estou começando a suspeitar que quem vai pagar por isso, sou eu, é você, somos nós! Não é o governo, não. Não é o Ministério da Educação, nem a Secretária Especial de Qualquer-Coisa e nem o Fundo de Participação Blábláblá.
É impressionante como uma coisa tão óbvia é tão difícil de ser percebida. Para a nossa população, contemplada com o pensamento mágico de que as coisas realmente caem do Céu Estatal, será mesmo uma longa jornada partindo do obscurantismo rumo ao entendimento
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