sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Trânsito


Algumas vezes fico me perguntando se sou eu que não estou percebendo os detalhes, ou o todo, ou são os engenheiros de trânsito que não os perceberam. Muito dos problemas do trânsito brasileiro não decorrem de falta de planejamento urbano, enorme número de veículos, falta de verbas, etc., mas da falta de visão dos que planejam o trânsito mesmo.
Por exemplo, recentemente mudaram as ruas de acesso à cidade de Curitiba e enormes engarrafamentos têm se formado nos finais de tarde. É que encheram de sinais que impedem o livre fluxo de veículos.
Qual seria a solução? Onda Verde, sabe o que é? É quando os sinais são sincronizados de tal forma que quem é detido por um, não precisa parar no seguinte, se mantiver uma determinada velocidade, vai pegando todos os sinais verdes. Em Buenos Aires, isso é comum, mas no Brasil, só conheço em tão poucos locais que podem até ser nominados (Porto Alegre, Av. Siqueira Campos; Curitiba, Visconde de Guarapuava). Deve estar me faltando algo de compreensão, pois quando tenho que parar meu carro em duas esquinas seguidas as 5 da manhã, só posso pensar que os planejadores do trânsito erraram, não consigo vislumbrar o motivo, senão o de que algo faltou as suas percepções.
Voltando à cidade de Curitiba, no início da Avenida Manoel Ribas ocorrem engarrafamentos diários, pois a rua se estreita devido a um ponto de táxi na esquina. Está ali há anos e nenhum gênio do sistema viário resolveu tomar a simples atitude de mudar o ponto para a rua lateral.
Toda a população tem que esperar, dia após dia, ano após ano, retardando negócios, lazer e criando obstáculos para emergências simplesmente porque os comerciantes de uma determinada região querem que seus clientes estacionem na via pública. Ora, as prefeituras têm obrigação de fornecer é acesso, fornecer o estacionamento é obrigação dos lojistas como atrativo de vendas, não podem prejudicar toda a cidade com seus interesses pessoais. Se um ponto não é bom, que mudem de ponto ao invés de pressionar o poder público para benefício próprio.
Uma outra coisa da ineficiente mentalidade burocrática brasileira é a proibição de virar à esquerda em vias de mãos dupla. Ao invés de construir áreas de escape para a conversão em ruas, se prefere que o motorista contorne a quadra (isso é, quando existe o contorno!), fazendo com que os carros permaneçam mais tempo nas ruas aumentando assim os engarrafamentos.
Em muitos estados americanos, pode-se virar á direita no sinal vermelho, ou seja, o sinal vermelho se transforma em um sinal de “pare” para as conversões. Por que não existe isso por aqui? Quantas e quantas vezes, não está vindo ninguém no outro sentido e a rua está engarrafada por causa que todos têm que esperar o sinal. Qual é o motivo para isso, senão atrasar as vidas dos motoristas?
Dessa maneira, apesar de muito se apregoar a desestruturação pública do Brasil, no trânsito se pode ver claramente que os problemas são também causados muito por uma questão de mentalidade que precisa ser mudada.

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