quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Histórias de Bizarras nº 3


No ano de 2005, fui fazer um trabalho por três meses em São Paulo e durante esse período fiquei hospedado em um hotel no bairro da Consolação. Em alguns fins-de-semana eu ia para minha casa em Curitiba e outros, minha esposa vinha me visitar. Como ela sofria de enxaqueca severa, o médico prescreveu uma dieta alimentar e também medicamentos. No meio da noite, ela me acordou apavorada, dizendo que havia um homem com uma lanterna no quarto do hotel em que estávamos, mas na verdade nada havia por ali. Pelo período de mais ou menos um mês, até quando ela trocou de médico e este prescreveu novo medicamento, ela viu pessoas passando pelo quarto no meio da noite e essas alucinações aconteciam também na nossa casa em Curitiba. Cada noite era uma pessoa diferente, em uma situação diferente. A ver:
- menina olhando por uma janela e sorrindo;
- homem com uniforme militar ou policial com expressão séria, em uma imagem em preto e branco;
- mulher magra e morena que se sentou no criado-mudo;
- homem de branco, como se fosse um médico;
- mulher gorda morena lavando roupas;
- homem gordo com uma camisa azul de riscas e uma lanterninha de pilhas - esta foi a única cena noturna, em todas as outras parecia ser dia.
Não faziam nada e nem falavam, apenas ficavam olhando. Às vezes apareciam com movimento e outras como em uma fotografia.
As últimas aparições foram as piores. Em uma noite, ela sentiu uma mulher de cabelos negros se sentar ao seu lado na cama. Minha esposa se cobriu com as cobertas, mas a aparição a descobriu parcialmente. Na noite seguinte, começou de onde tinha parado: ela se cobriu com o cobertor, mas sentiu a aparição agarrar o seu pescoço e tentar estrangular. Felizmente tudo passou quando ela mudou o remédio. O médico contou que, apesar de já ter tido pacientes que viam vultos com aquele remédio, nunca havia escutado sobre alucinações tão detalhadas como estas.
Quando meu pai fez uma cirurgia, presenciei alucinações deste tipo, provavelmente ocasionadas por medicamentos: em uma noite que o acompanhei no hospital, ele conversava normalmente, mas lá pelas tantas, olhou para o meu lado e perguntou: “Luiz, quem é esse menino ao teu lado?”. Como não havia ninguém no quarto e como ele não costumava fazer esse tipo de brincadeiras, contestei-o, mas ele insistiu, “Tem sim, um menino com um casaco azul.”
Depois que teve alta, ele dava risadas das alucinações e dizia que também via cavalos passando no alto da parede, como em um filme.

Um dos detalhes interessantes no primeiro relato é que já li outras histórias de fantasmas na Internet em que as pessoas relatavam que viram aparições em preto e branco. Não é um caso isolado.

O sul da Flórida é especialmente rico em narrativas fantásticas. Bem na pontinha sul dos Estados Unidos, 90 milhas náuticas de Cuba, tem uma cidade histórica chamada Key West. Os turistas que resolverem dormir por lá podem fazer um tour noturno passando em frente aos prédios mal-assombrados da cidade. Dizem que fantasmas são vistos até na casa que foi de Hernest Hemmingway.
Fort Lauderdale, 40 minutos de carro para o norte de Miami, fica em um dos vértices do famoso Triângulo das Bermudas. Eu nunca vi desaparecer um navio, mas presenciei algumas coisas estranhas por lá.
Fui avaliar uma casa linda, geminada, porém enorme, com piscina, garagem ampla, etc. O corretor de imóveis havia deixado a chave em um cofrinho com combinação pendurado na maçaneta. Enquanto estava tomando medições senti a sensação de arrepio na base do crânio que por experiência já havia se tornado familiar. Quando eu me aproximava da garagem, a sensação aumentava e quando me afastava, diminuía. Era só uma sensação, mas alguém morreu naquela garagem, eu sei. Eu senti. Quando voltei para o escritório, comentei a sensação com meu patrão e amigo e ele me falou que o corretor havia falado para ele que não gostava de entrar naquela casa.

O que me espanta é que muitas dessas histórias são confirmadas por mais de uma pessoa. Não é uma sensação individual. Por alguns meses trabalhei em uma loja na praia de Deerfield, perto da elegante cidade de Boca Raton. O estoque da loja ficava no sótão e quando o movimento estava fraco, eu subia para arrumar a bagunça. Só havia uma porta, mas em duas ocasiões, eu vi um vulto passando no fundo da sala. Um dia resolvi comentar com o proprietário e ele me disse que antes de ser loja, ali era um bar e que um homem foi assassinado nesse bar. Além disso, algum tempo atrás a sua irmã olhou em um espelho e viu uma pessoa atrás dela. Quando se virou, não havia ninguém.
Em outra ocasião, eu dividia o aluguel do apartamento com A., uma amiga de Goiânia, que trabalhava de dia como baby-sitter e à noite, entregava jornais. Como ela não podia falhar nem uma noite, quando ela queria descansar um pouco, pedia para os amigos cumprir a sua rota de entregas. Ela tinha uma picape e algumas vezes, eu acordava as duas da manhã, pegava o carro, enchia a carroceria de jornais e ia distribuindo pelos condomínios. Para ganhar tempo, jogavam-se os jornais na frente dos apartamentos, mas tinha um em especial em que o assinante era deficiente físico e não conseguia se abaixar. Por isso, tinha-se que caminhar todo o corredor, fazer um furo no saquinho plástico e pendurar o jornal na maçaneta. Em uma bela madrugada, levei um susto, quando entrei distraído no corredor, pois num relance vejo uma pessoa alta em pé em frente ao apartamento e senti a familiar sensação de arrepio da pele. Quando fixei a minha visão, não havia ninguém ali. Com uma sensação desagradável, cumpri a minha missão e pendurei o jornal na maçaneta.
O nosso apartamento estava sempre cheio de brasileiros que moravam no mesmo prédio. No dia seguinte, pela manhã, estávamos conversando em grupo e eu comentei este acontecimento com uma amiga que de vez em quando também substituía A. na entrega de jornais. Ela comentou que no mesmo corredor sempre tinha a sensação de que alguém estava caminhando atrás dela.
Nas vezes seguintes que realizei aquele trabalho, observei de como me sentia estranho naquele andar e tranqüilo nos outros pisos. Apesar de nunca mais ter visto ninguém, havia ali algo de diferente.

Uma vez li um relato na Internet que daria um bom filme de terror cômico. Era de um cara que desde criança via uma entidade não-humana se aproximar dele na cama, o que o deixava apavorado. À medida que foi crescendo, as aparições se tornaram menos freqüentes e menos intensas, mas mesmo assim o incomodavam. Cansado daquilo, resolveu procurar ajuda e uma amiga aconselhou a não fugir e enfrentar o medo, pois esta seria uma alma procurando por alguma ajuda. E assim ele o fez. Só que quando ele começou a chamar o fantasma, este se tornou mais forte de novo. E o pior, trouxe os amigos! Portanto, conforme esse autor, nunca se deve chamar um fantasma, é uma idéia bem insana.

Minha tia N. era professora em uma escola de Porto Alegre e muito amiga de um outro professor. Sempre brincavam um com o outro de que quando um deles morresse, viria puxar o pé do outro. Uma noite, minha tia estava dormindo e sentiu alguém agarrar o seu tornozelo. Ela acordou e perguntou para o marido por que havia feito aquilo, mas ele estava dormindo, não sabia do que ela estava falando. No dia seguinte, soube que o amigo havia morrido.

Outra: morreu o ex-marido de W. Ela estava dormindo com o atual esposo quando este começou a chamar o seu nome com um som gutural: W.! W.! Ela o acordou e ele relatou que havia sonhado com o ex dela, a noite toda. Nisso, ouviram-se batidas fortes na porta do quarto. Os filhos do casal dormiam nos outros quartos da casa e não havia mais ninguém por lá.

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