domingo, 2 de setembro de 2007

Medo

Medo.
Medo, medo, medo, medo.
Medo do escuro, de dedo-duro, de dar furo. Medo do futuro.
Medo do pecado, do enfado, do vizinho ao lado, de comer carne de gado. Medo do passado.
Medo de gente, de dor de dente, do que se sente, de acidente, de ser diferente. Medo do presente.
Medo, medo, medo.
Aranhas subindo pela parede.
Monstros sob a cama.
Fantasmas à espreita no corredor.
Longe se foram os dias sem medo, a grama verde dos parques e os dourados anos, agora só restaram as trovoadas na escuridão da madrugada e os latidos dos cães famintos anunciando intrusos.
Vê-se as cores fortes em preto e branco. Vê-se os pastéis em cinza.
No entanto, a luz da lua é vermelha como o sangue.
Medo.
Um medo objetivo e pessoal.
Um medo vivo e visceral,
Nocivo e fundamental.
Um medo sem enredo.
Um medo sem credo.
Um medo que veio na noite fria,
Sem meio e sem periferia,
Sem sexo ou hermafroditismo,
Perplexo diante de um abismo.
Correto e sem brio,
Completo e vazio.
Ali e adiante,
Aqui e distante.
Medo.
Medo, medo, medo, medo. Medo.

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