quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Aretê

Se procurarmos nos dicionários, aretologia é o ramo do conhecimento humano que estuda a virtude. E como ser um indivíduo virtuoso?
A palavra aretê para um antigo grego tinha um significado diverso daquele que se seguiu. Pode melhor ser definida como a capacidade de se ser virtuoso em tudo.
Aquilo que nós chamamos de “virtuose” do piano, para aquele povo não passava da definição de um escravo, pois para que alguém consiga o grau de perfeição de um grande músico, significa que ele abriu mão de se aprimorar em milhões de atividades que a vida oferece e isso não seria a ação correta de um cidadão livre.
Será que eles não estavam certos? Leonardo da Vinci, conforme essa definição seria um homem de aretê, pois era um gênio inventor, um excelente pintor, cientista e pesquisador. Isaac Newton seria outro exemplo: ele construía pontes, escrevia sobre fantasmas, inventou o cálculo diferencial e fundamentos da física que perduraram até o final do século XIX. O motivo pelo qual isso ocorre é simples. Quanto mais coisas variadas se conhece, mais se consegue relacionar umas coisas às outras, o que é o fundamento do pensamento criativo .
Por que esse tipo de gente não é valorizada até hoje, apesar do senso comum os considerar como pessoas extremamente importantes à humanidade? Como tudo começou a mudar?
A virtude da generalidade acabou no momento em que surgiu a revolução industrial. A partir daí, não era mais necessário que se soubesse de tudo em uma fábrica, apenas apertar um único parafuso, durante toda a vida, bem no estilo Carlitos, no Tempos Modernos.
No entanto, os tempos ficaram mais modernos ainda e só poucos empresários perceberam que aretê voltou a ter valor. É o que mais se vê nas revistas de gerência de pessoal, é preciso escolher pessoas versáteis, criativas, mas não é isso que acontece na maior parte dos casos, principalmente junto ao empresariado brasileiro. A maioria prefere apenas os velhos paus-mandados.
Sem pessoas de aretê, uma empresa não consegue quebrar paradigmas e sem os quebrar, não conseguirá mudar e vencer os concorrentes. Aretê é dinheiro, e mais a cada dia que passa no nosso mundo de transformações constantes e rápidas.
Assim, pense nisso quando estiver numa posição de chefia e for contratar um novo funcionário. Ele toca algum instrumento? Ele salta de pára-quedas? Ele sabe costurar a barra das calças? Conhece de jardinagem? Depois de perguntar essas coisas, daí sim, comece a perguntar sobre o cargo que ele vai exercer. O de aretê será sempre melhor do que os demais.

Um comentário:

gerson disse...

bom dia -
mto esclarecedor o q v diz sobre aretê. tem td a ver com o conceito de alteridade, tão necessário (e desvalorizado)nestes tempos de superespecialistas. visão global, interligação de conhecimentos variados, tem mto mais valor, atualmente, q aqueles tecnocratas q só "sabem apertar determinado parafuso".