domingo, 11 de novembro de 2007

No Rio

Estou no barco, dentro do rio
(Abarco o rio quando embarco)
Sozinho eu penso e desvario,
Dispenso o senso, este imenso manancial vazio.

Estou no rio e como o rio eu penso poderoso e lento
Eu penso e rio e penso o rio:
O rio é vento,
O rio barrento é sedento de esquecimento,
O rio é esquecimento.

No rio está imerso tudo aquilo que eu temo,
Por isso eu remo e faço versos
Crio um outro universo
Disperso no rio, inverso e reverso.

Aceno com a extensão da minha mão, o remo
E como o rio e como o verso, eu sou a criação
Um daqueles que criam a ação, o humano motor,
E como ateu aquático
Eu domo aquele sádico antipático que cria a dor:
O criador, o deus da irrealidade,
O pretensioso senhor do inferno da eternidade.

Nada é eterno! A realidade será esquecida.
Tudo está por um fio, até esta verdade alagada,
O cio da vida que é o rio, o rio da água passada,
O rio que flui onde o espaço é um enleio
E onde eu rio, passo, penso, poemeio e remo.

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