domingo, 2 de dezembro de 2007

Amoral

Vê o mar que arrebenta a onda
E a onda que arrebata o vento
E o vento que raspa a areia da praia.
E vê a matança de um porco,
A gangrena de um mendigo
E a beleza de um afogamento.
Vê o orvalho da manhã na azaléia,
Um beija-flor no hibisco,
Um raio de sol na vidraça,
A enchente de um rio barrento,
Uma placa de ônibus,
Um cachorro latindo longe.
E vê um vulcão dizimando uma aldeia
Um recife quebrando um barco
E a lua minguante no céu.
Vê o mundo e percebe,
Sem conformismo ou derrota.
Percebe a harmonia da desgraça,
A tristeza sutil da beleza
E a felicidade da dor.

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