segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Planos de Saúde


Muito se fala nas condições da saúde pública no Brasil, mas existe uma bomba-relógio que um dia vai explodir também na medicina privada e que tem toda a relação com o problema do SUS.
Na condição de administrador de um hospital, vejo diariamente médicos conviverem com o problema de repasses de planos de saúde que muitas vezes não pagam nem os custos de exames e cirurgias. Em regra, são intermediários caros para quem paga por eles e também patrões cruéis para aqueles que recebem pelos serviços prestados.
E a tendência é a de cartel, os grandes planos vão comprando os pequenos até o ponto de ficarem dois ou três deles dominando o mercado e ditando as regras.
Entra aí uma questão de liberalismo. Os planos de saúde têm acesso à publicidade, os médicos, por questões éticas, não, ou seja, um médico iniciante não consegue se estabelecer um consultório facilmente se não contar com a divulgação dos seus serviços por grupos privados, a menos que coloque preços vis nos seus serviços, prejudicando toda a categoria. O mesmo vale para hospitais e laboratórios.
Apesar, portanto, de uma aparente liberdade de mercado no setor, esta não existe plenamente, pois está cada vez mais controlada por grandes empresas.
Este problema só não é mais flagrante porque a economia e a população brasileira estão crescendo sem que a formação de médicos acompanhe no mesmo ritmo, mas a tendência é a de levar o Sistema Único de Saúde ao caos (imaginando-se que ainda não levou). Matemática simples: se o SUS paga R$8,50 por uma consulta, um médico que cobrasse R$15,00 em seu consultório teria um lucro enorme e pacientes a granel que pagariam barato por uma consulta particular.
O que faz o intermediário? Paga R$20,00 para o médico e cobra outros vinte do paciente, na forma de mensalidade e co-participação. Dessa maneira, todos saem perdendo: o paciente por pagar caro pela sua saúde, o médico que não recebe todo o potencial que o mercado poderia pagar e o sistema público de saúde, que não consegue competir em igualdade de condições com a previdência privada.
Como se poderia solucionar estas distorções? Criando-se um sistema paralelo de saúde. Uma listagem de médicos, centrais de exames e hospitais que aceitassem oferecer serviços particulares pelos preços que os planos de saúde pagam para eles, pois na verdade é esse o atual valor de mercado dos serviços. Se um exame que custa particular R$150,00 pudesse ser oferecido por R$40,00, que é o valor pago pela maioria dos convênios, será que muitas pessoas iriam preferir perder o seu tempo numa fila de SUS?
Idéia a se pensar.

Um comentário:

Unknown disse...

Não sou versado no tema mas acho que plano de saúde não compensa pra ninguém. Eu não uso. Pela quantidade de exames e consultas que se faz por ano, vale a pena pagar particular, embora acho que isso varia muito e cabe a cada pessoa avaliar o próprio caso.

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