terça-feira, 29 de abril de 2008

Conselhos aos Jovens Brasileiros

Certa vez perguntaram a Nélson Rodrigues qual conselho ele daria aos jovens e ele foi lacônico: “cresçam!”
Não sei se existe algum valor em aconselhar alguém que começa a vida. Será que todos temos que aprender, geração após geração, da maneira mais sofrida possível? De qualquer forma, gostaria de contar algumas coisas que aprendi que são muito específicas do país em que vivemos e que muitas vezes, apesar de óbvias, só percebemos depois de muitos anos vividos.
Em primeiro lugar, jovem, três dicas básicas: 1, poupe dez por cento de tudo o que ganhar; 2, contribua para a previdência o mais breve possível e tente nunca parar de contribuir e 3, faça uma faculdade qualquer.
Se você poupar 10% de cada centavo que receber, em algum tempo terá uma fortuna considerável, mesmo que ganhe pouco e isso será muito útil na sua vida.
A previdência social só aposenta aqueles que contribuem. Quanto antes você iniciar, mais cedo terá uma renda extra que será importante no final da sua vida. Existem três coisas certas na vida: que vamos envelhecer, que vamos ficar doentes e que vamos morrer. Para as três, será importante ter contribuído com a previdência.
Não interessa a faculdade e nem o curso que você fizer, pois qualidade não é valorizada em nosso país. Interessa apenas ser “dotô”. Existem duas únicas vantagens em se esforçar para passar em uma universidade pública, é de graça e os colegas são os mais capazes do estado, elevando o nível do ensino da instituição, mas não pense que a estrutura e os professores são melhores do que de uma universidade paga e nem que o seu patrão irá valorizar muito o local em que você se formou.
O curso também não interessa, pois por qualquer coisa que aprendermos com zelo, iremos nos apaixonar. Além disso, não conheço ninguém que chegue aos cinqüenta anos que não esteja cansado do que faz e ainda tenha o mesmo amor profissional que tinha aos vinte. Se não souber o que fazer, escolha direito ou contabilidade, pelo motivo que vou explicar abaixo.
Vou adiantar o seu futuro: você vai se formar, arrumar o primeiro emprego e depois de alguns anos de serviçalismo você vai perceber que existe uma coisa chamada mais-valia que é o lucro que o seu patrão retira a partir do esforço empregado com o seu trabalho. Além disso, você começará a perceber que a sua aposentadoria será vexatória.
Cuidado aí! Muitos pensam em abrir uma empresa nesse ponto para tentar retirar para si a própria mais-valia. Não largue o seu emprego para isso, acredite. Não é o patrão que paga pouco, mas 40% de impostos que você paga para o governo e mais 100% do seu salário que o patrão paga para o governo extorquir de você, ou seja, para cada 1.000 reais que você ganha, além do seu poder aquisitivo verdadeiro ser de apenas 600, o seu salário real seria de uns 2.000. Essa diferença, de R$1.400,00, o governo rouba de você para devolver em serviços absolutamente precários.
Se for abrir uma empresa, a coisa piora. Por que você acha que as empresas de sucesso são aquelas que trabalham com dinheiro cash e, de preferência, fora de horário de expediente (carrocinhas de cachorro-quente, por exemplo)? Simples, porque para abrir uma empresa, pagar todos os impostos e ainda crescer, é praticamente impossível no país, a menos que você seja um gênio administrativo, pois a extorsão do poder público é maior ainda do que sobre as pessoas físicas.
Por isso, um bom conselho, faça concurso para um cargo público na mais tenra idade possível, pois você irá ter estabilidade no emprego, se aposentará com salário integral, além de pertencer aos 10% da elite profissional brasileira.
Repito: estude apenas para passar em concurso público. No Brasil, esqueça a idéia de obter sucesso através de sua capacidade intelectual. Mestrados, pós-doutorados e larga experiência profissional e de vida, na iniciativa privada não lhe servirão para nada.
Lembre-se: quem começa a contribuir com a previdência bem cedo tem a chance de se aposentar a partir dos 44 anos e os nossos ”sábios” legisladores decidiram que os últimos anos antes da aposentadoria garantem estabilidade no emprego. Como ninguém quer contratar alguém que não possa ser mandado embora, depois dos 40 anos ficará muito difícil de conseguir ocupação, por isso você, depois de ter decidido parar de trabalhar e falido com sua própria empresa, terá de se sujeitar a ganhar menos do que sua capacidade permite. Em outras palavras, reitero, esforce-se para passar em um concurso público.
Por isso que eu disse para estudar direito ou contabilidade, pois são os cargos públicos que pagam mais...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Até o Fim do Mundo

Salvador Dali falava em uma de suas entrevistas que existe uma deturpação no conhecimento humano, pois a busca última da ciência é descobrir a cura do envelhecimento e da morte, esse seria o grande sentido da vida, justamente um assunto-tabu, que é praticamente ignorado pelos cientistas ditos sérios.
Eu acrescentaria mais uma questão a ser levantada no quesito de busca última da ciência.
Um filme do diretor alemão Win Wenders que pouca gente viu, mas nem por isso deixa de ser uma de suas muitas obras primas é o “Até o Fim do Mundo”. Nessa película, o personagem de William Hurt procura pelo pai desaparecido, um cientista que descobriu uma máquina interessante: um gravador que reproduzia sonhos em vídeo.
Imaginemos que sensacional! Ao acordar, colocaríamos um “pen drive” no computador e poderíamos assistir em detalhes todos os momentos que vivemos enquanto dormíamos...
Falo que isso seria uma das questões últimas da existência, pois é das necessidades mais flagrantes do ser humano. Desde os tempos ancestrais, os xamãs das tribos mais primitivas tentam entrar em contato com esse “mundo dos espíritos” existente em cada um de nós.
Também os drogados, os bêbados, os yogues, os macumbeiros, os projeciologistas, os bebedores de Santo Daime, os espíritas kardecistas, os pesquisadores de EQM (experiências de quase morte), caçadores de fantasmas e outros amalucados-para-quem-vê-de-fora tentam viver experiências nessa fuga de realidade que é o nosso inconsciente.
Acontece que a seguinte pergunta é premente: e se não for irrealidade? E se realmente existir aquilo que se convencionou chamar de alma e se essa alma se desprender do corpo quando dormimos ou morremos indo para um universo em que tudo que pensamos é possível, habitado por outras infinitas almas que já morreram ou que dormem naquele momento?
Não é porque uma idéia é repetida milhões de vezes que ela se torna verdade. Por tudo que já pesquisei, não existe nenhuma prova científica de que reencarnaremos, nem que exista um Ka (corpo astral, “segundo eu”) ou algo que o valha, mas milhões de pessoas ao redor do mundo juram já ter vivido experiências assim ao ingerirem alguma droga, meditarem ou passarem por um acidente quase que fatal. Eu próprio já relatei aqui no blog alguns incidentes que aconteceram comigo ou com pessoas próximas. Com uma rápida pesquisa sobre esses assuntos na Internet, percebe-se que os relatos são tão intensos, similares e repetitivos que nos fazem pensar.
Enquanto os geriatras e os neurologistas não pararem de se debruçar sobre as doenças que afligem a humanidade e mudarem seus paradigmas para uma busca do que existe de mais fundamental na existência do homem sobre a terra, continuaremos vivendo em um mundo vago de medo e supertições.
Acredito que um dia pesquisar-se-ão esses temas com mais intensidade, só espero que o início dessas buscas científicas não dure até o fim do mundo.