sexta-feira, 23 de maio de 2008

Projetos Manhattans ou Por Que as Coisas Não Acontecem?

Durante a Segunda Guerra, o governo americano reuniu os melhores cientistas e todo o capital necessário para um esforço único na história: ser o primeiro país a construir a bomba atômica. Foi o chamado Projeto Manhattan.
Para algumas coisas eu me pergunto porque não existem mais projetos Manhattans. Por que os governos não disponibilizam cérebros e valores para a resolução de problemas cruciais?
Encontro três explicações: inércia cultural, teorias da conspiração e ninguém ganha nada com um mundo melhor.
Um exemplo é o fim do dinheiro “cash”, que eu já defendi largamente por aqui no blog. Por que não existe um esforço público para isso, já que traria inúmeros benefícios? Por experiência, percebo que a maior parte das pessoas não acredita que isso seja possível (a bomba atômica também não era!). Esse assunto é um exemplo de inércia cultural.
E o imposto único? Por que ninguém levanta essa bandeira seriamente? Afinal não ficaria mais fácil de controlar e com muito menos burocracia e corrupção? Não. Não acontece por que ninguém nos nossos sucessivos governos ganharia com isso, simples. O país ganharia, mas não aqueles que detém o poder político no Brasil.
E para os engarrafamentos, qual seria a solução? Uma a longo prazo, controlar o crescimento populacional. Não funciona porque as instituições que não querem isso, com especial destaque para a Igreja, auferem enormes lucros com grandes massas populacionais empobrecidas. Ao mesmo tempo, muitos economistas pensam que o capitalismo funciona como uma daquelas correntes da felicidade, isto é, só funciona enquanto estiver crescendo, portanto parar o crescimento parece ser complicado para eles. No entanto, quem conseguiu isso? A China, lembremos bem, o maior tubarão capitalista do mundo atual. Que dá certo, dá.
Solução para os engarrafamentos no médio prazo: construir viadutos. Basta dar uma volta por sua cidade que você perceberá que os semáforos funcionam como represas para o tráfego. O tráfego só embola porque se permite estacionar nas vias públicas e se trava o fluxo de veículos com intermináveis luzes vermelhas. Basta dirigir as três da manhã para perceber que não existe “onda verde” nas nossas cidades, vai-se parando de quadra em quadra. Como já disse aqui, o transporte público não é solução, mesmo porque é extremamente injusto que alguns andem de carro e outros apertados em ônibus e metrôs. Caro brasileiro, há quanto tempo você não vê a prefeitura construir um viaduto em sua cidade? Uns trinta anos, certo? Esse fato, eu já vejo com uma boa teoria da conspiração: governantes querem os votos dos mais pobres, por isso promovem tal demagogia do transporte público.
E as queimadas nas fazendas do país inteiro? Não bastaria que o INPE tirasse uma daquelas fotos de satélite das queimadas de que tanto se vangloriam e mandasse uma multinha bem salgadinha para o fazendeiro, como ocorre com as multas de trânsito? Será que alguém iria ousar queimar uma só árvore com um Big Brother ecológico sempre atento? A explicação parece ser uma teoria da conspiração também: os sucessivos governos do Estado brasileiro, apesar do discurso contrário para apaziguar os xiitas ambientalistas europeus, na verdade querem aumentar as áreas de plantio. A destruição das nossas matas não se dá por descontrole, conforme apregoado, mas por método.
E a fome zero? Por que não plantar árvores frutíferas nos parques e laterais de estradas? Não parece tampouco haver um interesse no país em acabar definitivamente com a fome. Diga-se de passagem, eu faço isso, guardo todas as sementes das frutas que como e jogo por aí, acredito ser uma forma bem positiva de desobediência civil. Se acabasse a fome, quem ganharia, além do povo?
Projetos Manhattans, onde estão? Soluções existem, por que não se mudam paradigmas?
Ninguém ganharia com isso! Não é da nossa cultura! Mentes diabólicas planejam nossa destruição! Alguém encontra explicações melhores?

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