terça-feira, 28 de julho de 2015

Fundamentos para Começar a Conversar


Existem dois tipos de homens, os que tentam adaptar o mundo as suas ideias, os Idealistas, e os que tentam adaptar as suas ideias às realidades do mundo, os Pragmáticos.
Os pragmáticos construíram países como os Estados Unidos ou a Inglaterra. Contribuíram para a humanidade com o direito romano, com o método cartesiano e com a divisão de poderes das democracias, pois todas essas aquisições são simples ideias surgidas do mundo prático.
Os idealistas geraram a Alemanha nazista e o stalinismo. Os idealistas transformaram o mundo clássico na ditadura medieval promovida pela Igreja Católica, pois irremediavelmente eles tentam aplicar o que pensam, muitas vezes com as melhores intenções do mundo, mas infelizmente o mundo não é um quadro passível de encaixe na sua moldura.
Existem outros dois tipos de homens. Os que utilizam argumentos de verdade e os que utilizam argumentos de validade. Para a ciência do direito, os argumentos de validade são necessários para deter o poder do Estado sobre o indivíduo. Em todas as outras ciências, os argumentos de validade são maneiras de mentir.
Quando um indivíduo fala que “o socialismo que eu penso não é o que já existiu e não deu certo”, ou “a igreja de Cristo não é esta que está aí”, está utilizando argumentos de validade, pois não é possível conferir a veracidade de uma informação que se localiza em um futuro utópico. Em qualquer discussão que não ocorra dentro de um tribunal, quem usa argumentos de validade é desinformado ou, mais provavelmente, desonesto mesmo.
Existem alguns outros parâmetros absolutos para se começar a conversar.
Nunca existiu na história uma guerra entre duas democracias, o que coloca por terra a ideia que estas acontecem por questões econômicas. Dessa maneira, a democracia é um valor em si, pragmático, e não um valor idealizado e abstrato como a paz. Quem fala em paz per se é idealista, desinformado e sem conexão com a realidade do mundo ao redor, ou está mentindo. Ou ambos.
Países com maior Índice de Desenvolvimento Humano possuem maior qualidade de vida que os países com menor IDH. Portanto este é um valor absoluto, e não abstrato, como o Índice de Felicidade Bruta, que coloca o Butão como melhor país do mundo. Pessoas que defendam a pobreza são idealistas, desinformadas e sem conexão com a realidade do mundo ao redor, ou estão mentindo. Ou ambos.
IDH é um valor positivo, mas não diz tudo sobre um país. Mesmo não sendo os maiores IDHs do mundo, as pessoas sonham em emigrarem para os Estados Unidos e para a Austrália, e não para a Áustria ou para Singapura. Por quê? Por que esses países possuem a melhor relação entre IDH e baixos impostos, garantindo, portanto, maior liberdade econômica para os indivíduos. De nada vale ter boas escolas e hospitais, pois, dizia Cristo, nem só de pão vive o homem. Um Porsche e uma casa com piscina também são importantes na vida e desejados por todos. Assim, além de melhor qualidade de vida, deve-se lutar também pelos menores impostos possíveis.
Qualidade de vida e riqueza da maior quantidade possível de indivíduos, tampouco é suficiente. É por isso que as pessoas preferem viver em Nova Iorque ou em Paris a morar em Dubai. É da natureza humana sonhar em ser livre para tomar uma cerveja ou beijar a namorada. Dessa maneira, a liberdade, seja de expressão, locomoção e de atitudes que não avancem sobre os direitos alheios também é um valor absoluto.
Para começar a conversar, portanto, é preciso que o interlocutor tenha uma maneira pragmática de ver o mundo e utilize argumentos de verdade sobre os de validade. É preciso que ele defenda a democracia, a liberdade, a riqueza e a qualidade de vida.
Com os demais não vale a pena abrir a boca. Pérolas aos porcos, como dizia, de novo, Cristo, pois são indivíduos desinformados e sem conexão com a realidade do mundo ao redor.
Ou estão mentindo.
Ou ambos.


Luiz de W. Bonow, Curitiba, 28/07/2015

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